A principal pauta em discussão entre os bares e gabinetes pelo Brasil é a PEC 241. Esta Proposta de Emenda Constitucional abalou o país. De um lado, o presidente Michel Temer, seus parlamentares e uma massa desinformada e alienada defendendo a medida que define um teto de gastos para por um freio no rombo das contas públicas federais. De outro, a nova oposição partidária, liderada pelo PT, pelo PSOL e pelo PCdoB, especialistas da área social e econômica somados às classes sociais mais agredidas pela proposta; afirmando a PEC como uma ameaça aos setores primários de saúde e educação, e assim um retrocesso para o país.

A atual recessão econômica brasileira que não foi resultado apenas do último mandato da presidente Dilma Rousseff. Analistas afirmam que tudo começou com a Crise Financeira Global de 2007, quando a economia da China passou por quedas, afetando todo o intricado sistema de mercado global. Sucessivas baixas no PIB, aumento na inflação, baixa no consumo, prejuízos para investidores e demais consequências é o que enxergamos hoje. Como Marx dizia, a crise do capitalismo é uma propensa crise social. E assim é.

O polêmico e desacreditado governo do Michel Temer encontrou o Brasil pendurado na borda do abismo e, precisando ser legitimado pelas massas, elaborou um plano de governo baseando-se no discurso de redenção e recuperação do país. Montado todo um contexto midiático favorável, onde os protestos não são mostrados e a boa imagem de Temer ao lado de sua mulher é difundida, aqueles que pouco sabem sobre a PEC 241 acatam a medida como a salvadora da pátria.

Como bom gestor do sistema de liberalismo econômico, onde o poder político é um conseguinte do poderio dos economicamente poderosos, o governo faz prevalecer seus interesses e garantem seus privilégios, enquanto as massas, pouco informadas sobre as decisões tomadas entre quatro paredes de um gabinete, legitimam um governo que não considera as reais necessidades da maioria da população.

Com a melhor das intenções – Salvar o país da crise – a PEC promete por um limite ao teto de gastos. Porém, caso o teto não seja cumprido, a proposta impõe sansões mais severas do que as leis de responsabilidade fiscal, que podem ser muito agressivas para o sistema público brasileiro, que há muito tenta se estabilizar solidamente. Pensando a proposta em um cenário perfeito (sem corrupções, aplicações eficazes e boas gestões em menores escalas) tudo daria certo muito certo, no entanto, não consideraram o fator humano nisso.

Grande parte das consequências da PEC decorre do fato de que os gastos primários (com saúde, educação, aumento dos salários) crescem acima da inflação. Com tudo congelado, haverá o sucateamento dos sistemas e um enorme impacto para aqueles que realmente precisam do sistema público do Brasil. Os mais pobres, que apesar dos avanços socioeconômicos dos últimos anos continuaram pobres, sofrerão com os efeitos da proposta mais imediatamente.

E assim, cada vez mais distantes de um ideal socialista de igualdade de classes, vamos levando o Brasil para perto da recuperação econômica. Mas um país rico não é necessariamente sinônimo de um país justo e bem estruturado socialmente. Desigualdades marcam profundamente nosso povo, e um abismo ainda maior começa a se abrir entre as classes a cada aprovação da PEC 241 pelos parlamentares.

Somos uma sociedade de ricos em esperança. Logo, logo, pobres por completo.