Nesses dias de caos, a inspiração é algo estranho que, feito brisa fria no verão, bate e avassala, obrigando qualquer aspirante a escritor a procurar o bloquinho mais próximo para registrar sua ideia primorosa.
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Nas rotineiras 7h da noite, saindo da mesma parada, dentro da mesma linha de ônibus, sentada como de gosto em uma cadeira na fileira da esquerda, eu parecia estar em mais uma volta para casa como outra qualquer depois de um dia cheio na faculdade. Mas, eis que sobe no ônibus um senhor: negro, idoso, deficiente físico, com duas muletas gastas, mendigo. A partir de então, a alma de jornalista-cronista me despertou toda a curiosidade, e se estava somente preocupada com qual música tocaria em sequência no meu fone de ouvido, passei a observar com atenção o senhor. Mais precisamente, observei as reações preconceituosas e de repulsa causadas pela presença dele dentro do coletivo.

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