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thayparadise

Muleta versus Catraca

Nesses dias de caos, a inspiração é algo estranho que, feito brisa fria no verão, bate e avassala, obrigando qualquer aspirante a escritor a procurar o bloquinho mais próximo para registrar sua ideia primorosa.
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Nas rotineiras 7h da noite, saindo da mesma parada, dentro da mesma linha de ônibus, sentada como de gosto em uma cadeira na fileira da esquerda, eu parecia estar em mais uma volta para casa como outra qualquer depois de um dia cheio na faculdade. Mas, eis que sobe no ônibus um senhor: negro, idoso, deficiente físico, com duas muletas gastas, mendigo. A partir de então, a alma de jornalista-cronista me despertou toda a curiosidade, e se estava somente preocupada com qual música tocaria em sequência no meu fone de ouvido, passei a observar com atenção o senhor. Mais precisamente, observei as reações preconceituosas e de repulsa causadas pela presença dele dentro do coletivo.

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Mídia e o resgate da história política

A mídia veicula o presente que a história resgata. E como uma das maiores forças constituintes da sociedade, a política tem a necessidade de ser a todo instante rememorada, a fim de que os erros e acertos possam juntos construir uma sociedade justa e garantidora da boa vida.

Encarada como convenção ou advinda da natureza humana, a política faz parte da realidade de todos, um vez que é comum à vida em comunidade o surgimento de problemas e conflitos, decorrentes das disputas e lutas de classes por poder. É para justamente organizar, administrar e solucionar os problemas que a política serve, fazendo parte, portanto, do nosso cotidiano seja lá em qualquer esfera (micro ou macrossocial).

O interessante é que muitos insistem em se autoclamar apolíticos. O prefixo “a” pressupõe negação, rejeição. O “não político” é então incoerente à natureza humana de ser social gregário. O que percebemos é um fenômeno generalizado de despolitizados, seres que não se interessam pela prática profissional da política e não defendem discursivamente nenhuma causa ou luta de classes quaisquer.

Fruto do desinteresse e desmemoriação das massas por política, nascem e se oportunam aqueles que gostam da coisa. E inspirados por uma mídia homogeneizadora e homogeneizada, tomam conta dos meios e constroem uma realidade social a seu gosto, independente das necessidades coletivas.

A mídia como instituição “alheia e independente” das demais, formadora do imaginário do conjunto social como as outras, tem papel definitivo na construção do sujeito social político historicizado. É dela a função de manter frescas nas mentes das massas as tradições e heranças políticas de seu povo.

A atualidade só é compreendida e apreendida com a força moral do passado, e para que grandes erros da nossa história (ditaduras, guerras, tiranias, demagogias, plutocracias) não se repitam. Precisamos preservar a nossa memória histórico-política, através da mídia, a curto prazo, como também através da educação formal que respeite e reflita sobre sua própria sociedade e não doutrine apenas como fazem a mídia comum e seus discípulos.

Morrendo de saudade de escrever, mas sem tempo para sentar e produzir 😦 #Fériassualinda pode chegar já!

Citizenfour: Jornalismo Investigativo em cinéma vérité

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“Laura, nesta fase eu posso oferecer nada mais do que a minha palavra. Eu sou um funcionário sênior do governo na comunidade de inteligência. Eu espero que você entenda que entrar em contato com você é extremamente alto risco… A partir de agora, sabemos que todas as fronteiras de atravessar, cada compra que você faz, cada chamar você discar, cada torre de celular que você passa, amigo que você mantenha… site que você visita … linha de assunto que você escrever … está nas mãos de um sistema cujo alcance é ilimitado, mas cujas garantias são não. … no final, se você publicar o material de origem, eu provavelmente será imediatamente implicados… Só peço que você verifique esta informação torna-lo para casa para o público americano.. Obrigado, e tenha cuidado. Citizenfour”.[1]

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A PEC 241 e o que eu acho disso

A principal pauta em discussão entre os bares e gabinetes pelo Brasil é a PEC 241. Esta Proposta de Emenda Constitucional abalou o país. De um lado, o presidente Michel Temer, seus parlamentares e uma massa desinformada e alienada defendendo a medida que define um teto de gastos para por um freio no rombo das contas públicas federais. De outro, a nova oposição partidária, liderada pelo PT, pelo PSOL e pelo PCdoB, especialistas da área social e econômica somados às classes sociais mais agredidas pela proposta; afirmando a PEC como uma ameaça aos setores primários de saúde e educação, e assim um retrocesso para o país.

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Comunicação, Cultura e Arte

As ciências humanas pretendem desvendar as complexidades da sociedade, do aparelho psíquico e de suas criações, tendo o ser humano como seu objeto de estudo e foco. Fazendo parte desta área de conhecimento formal, a Comunicação Social busca entender as relações comunicacionais de emissão-recepção de mensagens entre o complexo social e o indivíduo, enquanto ser gregário e social; através de estudos que aplicam conceitos de áreas como Sociologia, Filosofia, Psicologia, História, Economia, Relações Públicas, Linguística, Semiótica, Ciências Políticas, Antropologia e afins.

Assim sendo, a área de comunicação compreende todos os produtos advindos da existência e experiência social dos sujeitos, uma vez estes resultados de processos graduais de socialização, os quais internalizam e integram o individuo dentro dos padrões-valores culturais de sua sociedade base. Sinalizando a natureza humana como ligada intrinsicamente as relações sociais, Marilena Chuí propõe a Cultura como uma segunda natureza, que “se acrescenta à primeira por meio da educação e dos costumes, tornando-se uma natureza adquirida, que melhora, aperfeiçoa e desenvolve a natureza inata de cada um”.

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Carta de um futuro póstumo

Esta biografia terá um quê Machadiano e se inspirará em Braz Cubas.

Se eu voltasse à vida agora, de onde escolheria recomeçá-la?

Voltaria ao outubro de 1999 do meu nascimento, ou para o dia em que passei na Universidade Federal? Para o dia em que ganhei minha primeira bicicleta ou para o meu primeiro beijo? Escolheria reviver bons momentos ou evitar as más lembranças?

Quando jovem, lá pelos meus 17 anos, havia programado a vida: terminar a faculdade de jornalismo, sair de casa com 21 anos, morar com amigas, ter meu próprio carro, arranjar um emprego, viajar para Las Vagas, conhecer o Paris, e passar as férias em uma praia tranquila, ir em várias baladas pelo mundo,  encontrar um marido, ter 3 filhos, fazer uma especialização, casar meus filhos, comprar uma casa no interior, ter uma biblioteca em casa, criar cavalos. Nada necessariamente nessa ordem, mas respeitando toda uma cronologia já planejada.

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Abrindo as portas à Fotec.

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Foto: Tázio Silvestre

Emanoel Barreto já me dizia “É preciso ter consciência de quando vivemos um grande momento”. A CIENTEC 2016 foi um grande momento. As oportunidades batem a todo momento na nossa porta. A sabedoria vem quando criamos responsabilidade e consciência de quando é melhor abrir ou simplesmente fingir que não está em casa.

Já passei por momentos de privação e de glória, e sabendo aproveitar as oportunidades, os últimos dois anos têm sido de grandes momentos. A última semana, em especial, foi memorável.

Participei de dois projetos ao mesmo tempo, porém fugindo da obviedade Jamboo-Fotec, participei da duologia Fotec-Quer Saber?. Dividindo os três turnos do dia entre meu compromisso fixo da bolsa com a Professora Laudelina, e os estandes da Fotec e do Quer Saber?, vivi uma semana cheia de altos (com pouquíssimas baixas).

Sair de manhã de casa e só voltar a noite cansa, mas compensa. Vivi a experiência Cientec por completo: participando da montagem dos estandes e só saindo de lá na vassoura no último dia. E nesse período de três dias, editei mais vídeos do que o ano inteiro.

Participar da Fotec foi uma meta concluída. Continuar participando é outra que acabei de postular.

Ignorando o fato que me inscrevi para participar da Pauta e Produção e ter terminado na Edição, eu amei a experiência.

Como um exercício eterno de autoconhecimento, identifiquei em mim a inclinação natural à produção. Notei isso quando saí do estande para perguntar algo sobre a retranca que me deram e voltei de lá instruindo um repórter sobre o que perguntar ao seu em breve entrevistado. Ter participado em um setor diverso ao qual havia me voluntariado me fez perceber que a zona de conforto nem sempre te proporciona tanto aprendizado quanto uma zona de instabilidade.

Não sou a melhor editora do mundo (apesar de gargalhar com Ítalo e seu bordão “a melhor editora que você respeita”). Mas a experiência me mostrou o meu potencial em outras áreas, isso claro com suporte da equipe tão maravilhosa que me deu apoio e comida esses três dias.

Uma oportunidade bateu. Eu atendi. Era a FOTEC em minha porta. Dei espaço, e ela entrou no meu coração.

Só tenho a agradecer.

À melhor equipe que você respeita,

Thayane.

 

 

Resenha do Filme Escritores da Liberdade, de Richard Lagravenese

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ESCRITORES DA LIBERDADE. Direção: Richard Lagravenese. Produção: Richard Lagravenese. Roteiro: Richard Lavagranese, Erin Gruwell, Freedom Writers. Elenco: Hillary Swank; Patrick Dempsey; Scott Glenn, Imelda Staunton; April Lee Hernandez; Kristin Herrera; Jacklyn Ngan; Sergio Montalvo; Jason Finn; Deance Wyatt. EUA/Alemanha, 2007. Duração: 123 min. Genero: Drama.

Baseado em uma história real do ano de 1992, o filme Escritores da Liberdade foi lançado em 2007 trazendo ao cinema o drama da realidade de uma Los Angeles do início dos anos 90, com suas guerras entre classes, gangues e etnias.

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