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junho 2016

Texto incompleto 1

As pupilas se dilatam, tensão nos músculos, mandíbula rígida. Injeções de adrenalina, noradrenalina e cortisol fazem com que conexões se realizem mais rapidamente. Uma suposição, uma interpretação incompleta, uma versão dos fatos: Ódio. Narinas se expandem, os batimentos se aceleram, mais pressão nos vasos, mais oxigênio para que o raciocínio não fique comprometido. Não é o suficiente: Explosão.

Num surto, em cólera, soca a mesa dos presentes. Grita que não suporta mais viver numa casa onde todos se odeiam, que não suporta mais o caos que sua vida está, que não suporta mais as birras e discussões entre os irmãos. Derruba as lancheiras. Os seis convidados da filha que estavam completando 12 anos de vida ficam perplexos. Sem encarar uns aos outros nos olhos, continuam de pé próximos à mesa do bolo, onde o finado “Parabéns pra você” acabara de acontecer. Nos olhos marejados da menina lia-se: “Pior aniversário de todos”. De todas as festas de aniversário que fui, essa de longe foi a pior.

A loirinha, com os óculos pendurados na ponte do nariz, estava feliz com seu tênis novo. Por infelizmente, ou felizmente, nascera numa família em sua estagnada classe média. Nem tão encima, nem tão embaixo. Só ganha presentes em datas especiais: o aniversário e o Natal. De resto, apenas estritamente nas necessidades. Como quando, após 3 anos, seu óculos quebrou a perna. Ou quando seu sapato fez um furo no dedão. Sem muitas regalias, mas uma vida confortável em um bairro bom, com internet wi-fi e televisão à cabo. Os custos passam os ganhos, e o casal se vira como pode para cumprir com as expectativas dos três filhos.

Expectativas essas que exigem e pesam mais do que a capacidade de carga.

Um emprego de 12 horas diárias, viajando às quatros pontas do estado em busca de vendas. A supervisão sempre pareceu algo que lhe garantiria certezas e regalias, dados os exemplos de amigos de mesma área. Ligações, notas, valores. Produtos, explicações, demonstrações. Viagem Norte, Sul, Leste, Oeste. Patrão. Vendedores. Concorrência. Cursos. Vendas. Num ritmo alucinante, alucinado em suas expectativas próprias para suprir as necessidades daqueles que dependem de si. Frustações, estresse.

Estresse que explodiu quando numa birra entre irmãos, um ficou chateado com a outra.

….

{continua (ou não)*}

*tenho que parar  textos incompletos

Livre Alto Autoconhecimento

E faltava alguma coisa.liberdade-de-culto

Procurava em si motivos. O Autoconhecimento tem duas faces: a paz e o caos. No caso dela, uma paz caótica imperava. Conhecia a si mesma, e isso lhe causava caos. Mas assim como um casebre palafita, suas bases feitas sobre água nem sempre eram altas o suficiente para minimizar os males das enchentes quando lhe atingiam. Transbordam os pensamentos, e não cabendo em si, derrama seu caos em lágrimas pelo rosto. A paz encenada é casca, a tormenta incoerente é miolo.

Faltava algo. Paz é esporádica, e não um estágio atemporal. Amor? Segurança? Tranquilidade? Sossego? Dinheiro? Felicidade? Saúde? Liberdade? Ahhh liberdade. Ar? Ar.

Do pouco que lhe falta, incompleta, a não liberdade é o que causa maior dor. Invasão. Inimigos. Cale-se. Baixe a cabeça. Exponha-se. Não responda. Eu não ligo para o que pensa. Desista. Cercada. Ar? Não há.

O Autoconhecimento tem duas faces, e quando as duas se mesclam não há coisa pior. Sua paz caótica imperava. Conhecendo-se, sabia que as suas lágrimas escorriam internamente também, só que na forma de palavras, sólidas e sonoras, em vez de líquidas e silenciosas. E como num bombardeio, culpada atingida no revidar, responde.

Silêncio.

Falta-lhe tudo. O caos, não mais passageiro, se instala. Exponha-se. Não revide. Cale-se e largue suas armas. Descoberta em sua incompletude desiste. Liberdade? Ahhh liberdade. Há de se haver um dia.

Procurando em si motivos para esperar, insiste. A paz é esporádica, e seu estágio momentâneo é a completude. Lhe sobra teimosia, um dos motivos pelos quais lhe faltam tantas coisas. Incompleta, teima em alcançar um dia à liberdade, e quem sabe assim, livre, voe atrás do que mais lhe doe. Ainda faltará muito, mas o autoconhecimento diz a ela que é o suficiente.

Conserta-se o caos, voe liberta em paz. Alto autoconhecimento. Ahh liberdade. Ar? Ar.

 

O porquê do Paraíso

Todo mundo precisa de uma válvula de escape. Alguns recorrem ao álcool nas mesas de bares, outros assistem séries fechados em seus cômodos sem perceber a luz do lado de fora. Alguns caem na tentação das drogas, outros lêem como se pudessem entrar nas páginas e deixar a realidade. Eu gosto de escrever (não que não faça uma coisa outra que citei acima). O paraíso para mim é poder me expressar, da forma que quero, na hora que quero. Não existem muitos paraísos por aí: o céu, umas ilhas no pacífico, algumas paisagens e suas naturezas. Mas, perto de mim, vários infernos: trânsito com suas ignorâncias, pessoas que acham que são donas da verdade, pessoas que vêem no mal sua diversão, egoísmo disfarçado de solidariedade benevolente, e outros. Meu paraíso será esse blog. Não que nele não haverão problemas. Os defeitos são as coisas que mais devemos amar no outros. Mas antes de amá-los, temos que entendê-los. Vamos entendê-los juntos então.

Paraísos não são apenas paz, comida e bebida à vontade. Não existe perfeição. Uma pena. Todo um caminho deve ser seguido até o paraíso, meu paraíso imperfeito é isso: uma junção de mim, escrita da forma como me é conveniente.

Espero que goste dessa minha imperfeição.

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